Mobilização a favor do Rio une adversários, mas táticas são diferentes.

O Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio, transformou-se na manhã de ontem numa espécie de bunker político para protestar contra as mudanças na distribuição dos royalties do petróleo. Convocado pelo governador Sérgio Cabral Filho, o encontro preparatório para a manifestação 'Contra a Injustiça - Em Defesa do Rio' programada para quinta-feira, reuniu políticos e representantes de entidades sindicais e de classe.




O tom dos discursos foi crítico e radical às mudanças de legislação propostas no Congresso - que prejudica os Estados e municípios produtores - e de revolta contra a postura do governo federal. Os políticos fluminenses voltaram a cobrar que a presidente Dilma Rousseff vete a proposta aprovada pelo Senado.




'Queremos mostrar ao governo federal e ao Congresso que não queremos invadir o direito de ninguém, mas também não queremos que invadam o nosso', argumentou Cabral (PMDB).



Embora houvesse unanimidade nas críticas à proposta de redistribuição dos royalties, ainda não havia consenso sobre a estratégia a ser adotada. O senador Marcelo Crivella (PRB/RJ) disse que a bancada fluminense poderia se unir à oposição para obstruir a votação da emenda constitucional que prorroga a desvinculação de receitas da União (DRU) e atrapalhar a tramitação da proposta de orçamento da União para 2012 - assuntos críticos para o governo federal. 'O Congresso Nacional não tem bobo. Ali, se usam todas as armas', disse Crivella.



O deputado Anthony Garotinho (PR/RJ) sugeriu que a bancada propusesse rever todos os repasses federais aos Estados, deixasse de lado a pressão para Dilma vetar o atual projeto de alteração nos royalties e que as lideranças partidárias elaborassem um novo substitutivo para a proposta na Comissão Especial constituída na Câmara. 'Apostar no veto da presidente pode representar uma nova derrota', disse Garotinho.



No entendimento do parlamentar do PR, a estratégia representa um risco, uma vez que a decisão da presidente pode ser derrubada no Congresso. Garotinho lembrou que está sendo articulada a apresentação de um novo texto à Comissão Especial criada na Câmara para avaliar os royalties. O substitutivo, salientou o parlamentar fluminense, pediria a manutenção da atual divisão de royalties em áreas já licitadas e promoveria a partilha para o futuro.



A Prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, vice-presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) defendeu a mobilização da classe política fluminense, mas observou que ela poderia ter começado há mais tempo. “Acho importante a mobilização, mas acho também que ela já deveria ter sido feita. Talvez tudo isso estivesse sendo evitado”, afirmou Rosinha, que compartilha o temor de que aposta única no veto da presidente Dilma possa ser arriscado. “Não basta que a Presidente Dilma Roussef vete o projeto porque ele vai voltar para o Congresso. Todo mundo fala em distribuição igualitária, mas isso não existe. Não existe no Fundo de Participação de Especial (FPE) e nem no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). As contribuições do governo federal também são desiguais”, observou Rosinha.

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