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O país do “E DAÍ?”


Neste término de dois mil e oito, se buscarmos uma retrospectiva rápida, veremos que mais um ano se completa repleto de “e daí?”.

Comecemos pelo Rio de Janeiro. Uma família é fuzilada dentro de um carro, com duas crianças pequenas e uma mulher indefesa, sendo que uma das crianças acabou morrendo, e tudo isso feito por policiais, que mesmo ao verem a mulher sair desesperada atirando uma bolsa de bebê para tentar proteger seus filhos, continuaram disparando sem parar.

A desculpa? ‘Pensaram’ ser bandidos. O carro era diferente, a cor diferente, tinha apenas uma mulher e duas crianças dentro, mas eles ‘pensaram’ ser bandidos. E se pensaram, E DAÍ? Se fossem assaltantes, deveriam ser fuzilados pelas costas, sem piedade nem escrúpulos?

Mas a conclusão é que mesmo após choque nacional, palavras (só palavras...) duras do Governador ( o mesmo que minutos antes e depois incentiva este tipo de ação cruel e sanguinária da polícia), os policiais foram absolvidos porque “estavam exercendo sua função e se protegendo dos perigosos bebês a bordo”.

Assassinaram e foram absolvidos! E DAÍ? Eram agentes públicos pra defesa do povo, e barbarizaram inocentes... E DAÍ? E sabe da melhor? Quando você ligar pra polícia, quando precisar de suposta proteção, podem ser eles que irão “socorrê-lo”. Já comprou seu colete a prova de bala? Corra!

Semanas depois, também no Rio, um rapaz foi também barbaramente assassinado dentro de seu carro num posto de gasolina por...: policiais. Não satisfeitos, arrastaram o rapaz (que era o refém) de dentro do carro como se fosse um resto de carcaça animal, desfizeram a cena do crime para se defenderem e acredite, foram considerados “cumpridores de seu dever” e corretos. E DAÍ?

Semanas a frente, três rapazes (traficantes, é verdade, mas isso muda algum coisa?) foram seqüestrados e entregues a outros traficantes para serem torturados, fuzilados, esquartejados e jogados no lixo. Adivinha quem fez isso? Nossos representantes militares para a defesa da população. E agora dou-lhes uma chance para acertar onde estão eles agora:... exato! Livres! Mas, E DAÍ?

E por aí vai. No Rio, em Santa Catarina, em São Paulo e em todo o Brasil.

A cultura do E DAÍ já colou. Os agentes públicos erram, corrompem, matam, roubam, zombam da população e NADA lhes acontece.

O Supremo Tribunal Federal solta os bandidos e persegue os que os prendem, numa total inversão de valores aqueles que tentam bravamente cumprir com o seu dever e defender o povo passam a ser perseguidos e expurgados. O Governo dos Estados defendem abertamente que deve se atirar no peito e na cabeça, pra matar. Defendem que deve se queimar as florestas porque a economia do Estado (leia-se os financiadores da campanha do governador) depende disto.

A justiça é lenta e injusta. Lenta e inoperante contra os verdadeiros criminosos, principalmente os ricos, rápida e absurdamente injustificável para os pobres, aqueles que roubam um pote de margarina.

Mas e Daí? E Daí se o povo elege bandidos, até mesmo elege quem está preso? E daí se o povo bate palma pro discurso de chacina estatal? Fica indignado quando morre uma criança e passa no Jornal Nacional, mas no dia seguinte já está aplaudindo outra chacina policial.

E Daí?

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