A retomada da Ditadura. Estamos caminhando a passos largos para ela.

Definitivamente não vivemos numa democracia, e o pouco que temos dela, está sendo tirado nas nossas barbas.
Há poucos dias, o jornalista Amaury, ex-redator chefe do jornalismo Global, e que durante anos travou uma guerra silenciosa mas extremamente importante nos bastidores da maior holding de comunicação brasileira com Ali Kamel, publicou seu livro-bomba: A Privataria Tucana.
O livro é realmente bombástico, com denúncias seríssimas e esclarecedoras, envolvendo as maiores figuras da política nacional, entretanto... a imprensa, sempre tão interessada em qualquer fagulha pra transformá-la em incêndio, silenciou sobre o livro e boicotou até referências indiretas ao assunto. O boicote não foi apenas da Globo, apesar de ter sido absoluto nela, mas se estendeu em grande parte da grande mídia. Não pretendo aqui debater a trajetória de Amaury na Globo e como esta disputa com o quase-ex-todo-poderoso Ali Kamel influenciou nos últimos 10, 12 anos d apolítica nacional. Farei isso em breve, breve mesmo.
Leia sobre os motivos que levam a mídia se calar sobre o livro aqui.

Paralelamente outro fato chama atenção. Há algumas semanas publiquei post sobre as tentativas de parte dos deputados de requerer informações sobre os desvios éticos de Sérgio Cabral, que em muito ultrapassam as insinuações contra o Carlos Lupi e que nem por isso a mídia se interessou também, conforme podem ver aqui: Orlando Silva e Lupi x Cabral: dois pesos e duas medidas
Mas agora vejam só: Após conseguir através de sua maioria mensaleira negar um direito constitucional na Alerj, e ter mobilizado às custas de ameaça a base aliada federal na Câmara, tratando o assunto como "DE VIDA OU MORTE", Sérgio Cabral tenta desesperadamente derrubar parte da Constituição Estadual no Supremo Tribunal Federal.

O Governador do Rio de Janeiro entrou com Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o artigo da Constituição que permite à um parlamentar requerer informações sobre atos do governo e dos titulares do executivo. Vale lembrar que no regime republicano o parlamento tem dois papéis: propor leis e fiscalizar o executivo e as aplicações das leis. Sérgio Cabral quer apenas retirar uma das prerrogativas do Estado Democrático de Direito. O próximo passo poderia ser o fechamento da Alerj.
Quanto à isso, mais uma vez, nenhuma nota de canto de página nos jornais do Rio, que já elegeram mais um ministro pra "bullinar" (o 8º só esse ano) e perdem-se em eleições para o nome do BRT que nem existe ainda.
No momento em que Dilma se esforça para aprovar leis como a que foi publicada recentemente que dá à QUALQUER CIDADÃO o direito de requerer excplicações sobre os atos executivos, ou seja, atribui ao cidadão direito efetivo de cobrar os seus representantes diretamente, o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, tenta o caminho contrário, o do resgate da ditadura, do obscurantismo, do cerceamento de direitos, da blindagem indevassável contra os pressupostos democráticos.
Não bastasse ter maioria legislativa comprada a peso de ouro, apoio midiático total no Estado e em revistas nacionais através da escalada geométrica de recursos destinados à propaganda e comunicação, e de ter na mão o TCE e o MP, Cabral agora quer impedir até os deputados eleitos de fazerem uso de seus direitos parlamentares. Imagine o que faria caso um cidadão comum, como este advogado que citei num outro post tentasse cobrá-lo por seus ilícitos?

E pra terminar, um derradeiro fato: a Câmara dos deputados tenta, sileniosamente, aprovar na CCJ um projeto de lei que anistia e libera a evasão de divisas. Isso mesmo! Lembra do "Juiz Lalau", dos dólares nas cuecas para as Ilhas Caymã e todas as manchetes sobre paraísos fiscais? Querem legalizar tudo isso e mais, querem perdoar todos que fizeram isso no passado, mesmo antes da aprovação desta lei.
Alguma nota na imprensa? Procure. Se não achar, veja no site da Câmara a tramitação deste projeto de lei na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

Estamos ou não avançando, a passos largos, de volta ora Ditadura? Esta será mais elaborada, mais sutil. A ditadura anterior era baseada na força, na repressão, esta será baseada no imobilismo das massas e nos dispositivos (i)legais. Lembre-se: Toda ditadura é precedida de um Ato Institucional, um Decreto ou uma Lei que teoricamente, lhe dá valor legal e democrático (ora vejam só!).

  Atualização
A Folha de São paulo finalmente se manifestou quanto ao livro. mas vejam de que forma:
Uma matéria nãoa ssinada, apócrifa, de quem sequer deve ter lido o livro, já que afirma que não haver provas, quando o livro é quase didático de tantas provas.



Índice geral São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2011Poder
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Jornalista acusa tucanos de receber propina Livro aponta transações financeiras em paraísos fiscais sem exibir provas de ligação com privatizações no governo FHC
Acusado de montar central de espionagem com o PT, autor diz que não fez nada ilegal para obter informações
DE SÃO PAULO
Um livro que chegou à praça no fim de semana acusa o ex-governador José Serra de receber propinas de empresários que participaram das privatizações conduzidas pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Publicado pela Geração Editorial, “A Privataria Tucana” foi escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., que no ano passado foi acusado de participar da montagem de uma central de espionagem no comitê da campanha da presidente Dilma Rousseff.
O livro sustenta que amigos e parentes de Serra mantiveram empresas em paraísos fiscais e as usaram para movimentar milhões de dólares entre 1993 e 2003, mas não oferece nenhuma prova de que esse dinheiro tenha relação com as privatizações.
Algumas informações do livro circularam na campanha eleitoral do ano passado e boa parte do material foi publicada antes por jornais e revistas, entre eles a Folha.
O livro mostra que uma empresa controlada pelo empresário Carlos Jereissati nas Ilhas Cayman repassou US$ 410 mil para Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e amigo de Serra.
Segundo os documentos apresentados pelo livro, a transferência foi feita dois anos depois do leilão em que um grupo controlado por Jereissati arrematou o controle da antiga Telemar. Mas o livro não exibe prova de que a transação tenha algo a ver com Serra e a privatização.
Outro alvo do livro é a filha de Serra, Verônica Serra, que foi sócia da empresária Verônica Dantas numa firma de prestação de serviços financeiros na internet, a Decidir.
Verônica Dantas é irmã do banqueiro Daniel Dantas, que controlou a antiga Brasil Telecom até o início de 2005. A Telemar e a Brasil Telecom atualmente são parte da Oi.
O jornalista também diz que Gregório Preciado, casado com uma prima de Serra, teve ajuda de Ricardo Sérgio na privatização do setor elétrico e depois movimentou dinheiro em paraísos fiscais.
No governo FHC, Ricardo Sérgio, como diretor do Banco do Brasil, exercia influência sobre a Previ, o fundo de pensão dos empregados do BB, que se associou aos vários grupos que participaram das privatizações da época.
Ribeiro Jr. foi acusado pela Polícia Federal de ter violado o sigilo fiscal de dirigentes tucanos e dos familiares de Serra durante suas investigações, pagando despachantes para obter ilegalmente informações sobre eles.
O jornalista diz que não fez nada ilegal. Ele iniciou suas investigações quando trabalhava para o jornal “Estado de Minas” e o então governador do Estado, Aécio Neves, disputava com Serra a indicação do PSDB para disputar a eleição presidencial.
Sua atuação só foi exposta mais tarde, quando Aécio já estava fora da disputa e Ribeiro Jr. foi chamado pelo jornalista Luiz Lanzetta para colaborar com a campanha de Dilma, um projeto que foi abortado pela cúpula do PT antes de ganhar corpo.

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