SHOW DE DESCASO EM INCÊNDIO EM CAMPO GRANDE, RJ
É com pesar que assistimos a mais este incêndio no centro comercial de Campo Grande, que tem convivido estranha e rotineiramente com estes casos. Muitos virão agora lamentar os prejuízos dos comerciantes atingidos e das pessoas feridas, mas algumas observações tem que ser feitas.
A princípio um comerciante inteligente sabe que qualquer empesa precisa de um seguro, pois ficar a mercê de incêndio, assalto, desastre ou qualquer outro incidente é o primeiro passo para seu empreendimento naufragar. Não há desculpa para quem instala um comércio no centro do bairro, lugar caro e valorizado, não incluir na planilha de custos um seguro. Posto isso, imagino que a esmagadora maioria senão todos estavam segurados e seus prejuízos serão então os dias parados.
Mas a partir daí começam os verdadeiros dramas, os problemas que tem que ser apontados. Um deles é que mais uma vez os hidrantes de Campo Grande não tem água. O Corpo de Bombeiros atende rapidamente, chegam em poucos minutos para sua heróica missão ( mal remunerada, não é Sérgio Cabral, os "baderneiros" e "vagabundos") e não encontram água nos hidrantes onde possam ligar suas mangueiras. A Cedae deve ser a responsável por isso, e nos incêndios que atingiram o Shopping Luzes, na outra ponta do "Calçadão" e no comércio popular perto da rodoviária, a situação foi a mesma: NÃO HÁ ÁGUA NOS HIDRANTES DE CAMPO GRANDE!
O incêndio do Shopping Luzes eu fui testemunha ocular do desespero dos bombeiros em busca de água. Procuraram nos dois hidrantes do início da Rua Coronel Agostinho, o famoso Calçadão, procuraram na Rua Viúva dantas, transversal ao Shopping e procuraram na rua do túnel que passa por debaixo da linha de trem e nenhum hidrante tinha água. As fiações começaram a explodir e soltar faíscas e eles estavam todos de pé sem poder fazer nada até a chegada de um caminhão pipa.
Quando este caminhão enfim chegou, a correria foi quase em vão por causa das mangueiras que possuíam: todas furadas, em mais de dez pontos, pelos quais a água se esvaia pra todos os lados exceto para o qual se apontava a mangueira. Camelôs e transeuntes ajudavam como podiam e era trágico-cômico ver que no centro do bairro mais populoso da Zona Oeste do Rio as chamas podem arder a vontade que o governo do estado do Rio não tem interesse/capacidade de fazer nada. Não há água ou equipamento necessário.
O sub-prefeito Edmar Teixeira deveria se movimentar pra cobrar das autoridades estaduais explicações sobre mais este caso de descaso com a população de campo Grande. Relatos dos leitores do G1 dão conta de que mais uma vez os hidrantes estavam sem água e que foi necessário chamar um caminhão pipa particular pra combater o incêndio.
Mas temos que tratar de um assunto ainda mais importante, um descaso ainda mais trágico e repugnante: a morte de dezenas de animais que se encontravam enjaulados dentro do mercado São Braz. Não sou especialista em direito ambiental, nem sei quais são as condições para se vender animais legalmente, mas me enojava e revoltava passar pelo mercado e ver dezenas de aves, répteis, roedores e outros animais presos em gaiolas minúsculas e superlotadas, num mercado abafado e sujo, sem ventilação, iluminação ou higiene necessários,e principalmente, sem liberdade alguma. Não me importa o que diz a lei, e o quão permissiva e antropocentrista ela seja, pra mim não há razoabilidade de se manter animais encaixotados e enjaulados como se feras ou criminosos fossem.
Mas o fato é que todos estes animais, que já sofriam com seu cárcere e maus tratos, agora estão mortos carbonizados e sufocados porque o dono do estabelecimento preferiu fechar a loja e fugir, provavelmente com o dinheiro do caixa, e deixar os animais trancados nas gaiolas. Sua ganãncia assassina é tão grande que preferiu trancar todos e tentar ver se sobravam alguns do que lhes permitir escapar da morte e perder sua mercadoria. Isto é crime contra o meio-ambiente certamente, e o que me deixa indignado é que sua pena será pífia e que ele deve estar apenas se preocupando com a perda da "mercadoria", que no caso, eram seres vivos!
Fica então um recado pro secretário de meio ambiente, o meu amigo petista Carlos Minc, pra que investigue este caso e puna exemplarmente os responsáveis, inclusive os que porventura tenham dado permissão para a venda de animais num galpão sem saídas de emergência, ventilação ou estrutura necessária.
Por fim, fica uma nota sobre o aproveitamento de alguns infelizes que promoveram um arrastão durante a confusão, trazendo mais caos e medo aos moradores de Campo Grande. Aliás, estamos chegando perto do natal, e estes arrastões são rotina no mês de dezembro, seria interessante a PM e a Guarda Municipal ficarem atentas desde já.
Lamentável tudo isso, o incêndio, que deve-se descobrir as causas, o arrastão e a incompetência e o descaso dos governos estadual e municipal, principalmente o do governador Sérgio Cabral que é responsável pela Cedae e pelo Corpo de Bombeiros.
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