Movimento de Marina começa a tomar contornos e recebe primeiras adesões
Suplicy e Cristovam participam de movimento ligado a Marina
Políticos e militantes articularam na noite de hoje a formação de um grupo denominado "Movimento pela Nova Política" em Brasília. Esse é o primeiro encontro nacional do grupo que se declara "suprapartidário" e pretende elaborar uma "nova forma de se fazer política". O movimento é encabeçado pela ex-candidata à Presidência Marina Silva.A reunião teve a participação dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Pedro Taques (PDT-MT), e dos deputados José Antônio Reguffe (PDT-DF), Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Alfredo Syrkis (PV-RJ).
Heloísa Helena (PSOL-AL), ex-senadora e atual vereadora de Maceió, foi representada por Martiniano Cavalcante, pré-canditado à Presidência pelo PSOL, em 2010.
"Há um movimento acontecendo na borda e não no centro, que está em crise. E há um lugar para nós, os políticos, nesse movimento da sociedade", afirmou Marina Silva.
Apesar das origens heterogêneas, os participantes do movimento firmaram consenso em torno de três questões: a moralização política, a mobilização da sociedade e a proteção ao meio ambiente.
Foi enfatizada, também, a necessidade de fazer uso de novas tecnologias para disseminar os ideais do grupo. O exemplo citado foi a "Marcha contra a Corrupção" no 7 de setembro, em Brasília, organizado via redes sociais.
Segundo Marina Silva, o movimento ainda não tem propostas específicas, mas trabalha para estabelecer o "compromisso radical" para "desobstruir os canais da democracia".
Os integrantes do movimento afirmam que, por enquanto, não há intenção de formar um novo partido político.
Heloísa deve trocar PSOL por partido de Marina
Sem espaço no PSOL, a ex-senadora Heloísa Helena decidiu embarcar no projeto de Marina Silva, que deixou o PV em julho e estuda criar um partido para se candidatar à Presidência de novo em 2014.
Elas ensaiaram a união ano passado, quando Heloísa quis ser vice de Marina, mas os socialistas vetaram a ideia para lançar a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio.
A alagoana renunciou à presidência do PSOL depois da eleição, e agora autorizou a amiga a usar seu nome no movimento suprapartidário que deve dar origem a uma sigla sob sua liderança.
A aliança seria formalizada ontem, em ato promovido por Marina em Brasília, mas Heloísa não pôde ir por problemas de saúde -ela se recupera de um possível AVC (acidente vascular cerebral).
"É um momento muito especial", disse à Folha, de Maceió. "Espero estar com Marina na construção deste processo, que poderá culminar, como acho que certamente acontecerá, numa organização partidária para 2014."
Heloísa disse não se sentir presa ao PSOL, que ajudou a fundar depois de ser expulsa do PT por negar apoio a reformas do governo Lula.
"Não tenho mais nenhuma relação mística com estruturas partidárias, como se elas fossem donas da verdade absoluta ou proprietárias das bandeiras ideológicas com que me identifico", disse.
A ex-senadora deve ser acompanhada por aliados como os presidentes estaduais do PSOL Jefferson Moura (RJ) e Edílson Silva (PE), que se reuniram ontem com Marina.
Heloísa ficou em terceiro lugar na corrida presidencial de 2006, com 6,5 milhões de votos. No ano passado, perdeu a eleição para o Senado por Alagoas. Ela é vereadora em Maceió e diz não saber se disputará a reeleição em 2012.
Ontem, ela quebrou o silêncio sobre o governo Dilma Rousseff, que comparou às gestões de Fernando Henrique Cardoso e Lula.
"É a mesma coisa. O mesmo fatalismo neoliberal na política econômica e a mesma metodologia da roubalheira política", atacou.
Heloísa ironizou a faxina promovida por Dilma, que afastou ministros e servidores acusados de corrupção.
"Acredito em fadinhas e bruxinhas, mas não acredito nisso. O sistema precisa que algumas partes podres sejam retiradas para que o odor não chegue de tal forma que a opinião pública queira destruir o sistema todo", afirmou.
"Ao longo da história, esta prática já foi usada muitas vezes. Faz de conta que promove a limpeza para preservar o corpo putrefato."
O ato promovido por Marina teve referências explícitas a uma nova campanha ao Planalto. "Sua candidatura fez bem ao Brasil, mas sua eleição para a Presidência fará bem ao planeta inteiro", disse o ex-deputado José Fernando Aparecido (ex-PV).
Também compareceram políticos de outros partidos, como os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Taques (PDT-MT).
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