A disputa eleitoral de 2012 já começou

As movimentações visando às eleições de 2012 já se iniciaram na cidade do Rio de Janeiro. Por um lado o prefeito Eduardo Paes (PMDB) vem articulando uma grande rede de legendas comprometidas com sua reeleição. Por outro lado, a oposição encontra dificuldades para articular alianças.
Eduardo Paes já conquistou o principal apoio para sua candidatura. Selou no mês passado a aliança com o PT que indicará o vereador Adilson Pires para vice na chapa. Outro importante apoio foi anunciado na semana passada pelo presidente do PSB. Segundo o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o PSB da cidade do Rio de Janeiro caminhará ao lado de Paes em 2012. Ainda no arco de esquerda o PDT também deverá seguir com Paes. Em recente entrevista o deputado federal Brizola Neto deixou claro que o apoio dado pelo PT para a candidatura de Paes não abre espaço para nenhuma outra candidatura de esquerda na cidade. Ainda que não tenha decidido formalmente, o PCdoB deverá seguir nesta aliança pelo mesmo motivo do PDT.
Além destes importantes apoios Paes conta com outras legendas como PTB, PP e outros nanicos. Além da movimentação para manter a unidade dentro de seu alicerce de sustentação, Paes vem se esforçando para trazer os partidos de oposição para a base. Neste sentido o PPS já foi cooptado, além do PRB e do PSD. O caso mais curioso é o do PSD do prefeito paulista Gilberto Kassab que no Rio vem sendo organizado pelo ex-deputado do DEM Indio da Costa. Indio foi candidato a vice na chapa de José Serra no ano passado e agora quer passar para a base de sustentação do governo Dilma. Parece querer seguir a trajetória de Eduardo Paes que saiu da secretaria geral do PSDB para ser candidato pela base de apoio do governo Lula em 2008.
Mas se Paes já conta com uma ampla aliança de sustentação para sua reeleição, o mesmo não pode ser dito na oposição. Pela esquerda a principal candidatura que surge é a do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), mas ainda não há sinalização de aliança com os demais partidos esquerdistas da cidade como o PSTU e o PCB. Enquanto as alianças não são construídas, o PSOl vai tratando de fortalecer sua legenda para o ano que vem. Na última semana dois grandes reforços foram anunciados no partido: o economista Carlos Lessa e o vereador Paulo Pinheiro. Com Pinheiro o PSOL anaboliza sua chapa de vereadores que tendia a se enfraquecer com a possível aposentadoria do vereador Eliomar Coelho. Além de Pinheiro outros dois nomes cotados na chapa do PSOL são os de Renato Cinco, da Marcha da Maconha, e o do ex-deputado federal Babá. Cinco faz parte da corrente interna Enlace enquanto Babá é da esquerdista CST.
Na direita as pré-candidaturas também são avulsas como a da deputada estadual Clarissa Garotinho pelo PR e dos deputados federais Otávio Leite pelo PSDB e Rodrigo Maia pelo DEM. Para o ex-prefeito Cesar Maia, a chapa ideal para a oposição seria com seu filho Rodrigo na cabeça e Clarissa Garotinho de vice. Em troca o DEM apoiaria a candidatura à reeleição da prefeita Rosinha Garotinho (PR) em Campos dos Goytacazes, além de dar sustentação ao PR em outras cidades do interior do estado. No entanto, Clarissa prefere manter a candidatura própria do seu partido na capital. Outra curiosidade na chapa do DEM é que Cesar Maia vem apresentando a possibilidade de ser candidato a vereador, puxando votos para o partido que vem sumindo no Rio de Janeiro. Já no PSDB a disputa é interna. O deputado Otávio Leite é o candidato mais forte dentro do PSDB, mas conta com a revolta da vereadora Andréa Gouvêa Vieira que quer ser a candidata do partido. O PV não deverá ter candidato próprio para prefeito em 2012, mas cogita-se a possibilidade de Fernando Gabeira ser candidato a vereador como puxador de votos da legenda.
A dispersão de candidaturas no campo da oposição é uma estratégia eleitoral que faz sentido em 2012. Como a força de Paes é muito grande, somente com várias candidaturas será possível para a oposição levar a eleição do ano que vem para um segundo turno.Veja matéria publicada no Globo:
Briga por sucessão municipal no Rio em 2012 se acirra nos bastidores
Publicada em 09/09/2011 às 22h58m
Na oposição, o principal nome até agora é o do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Há ainda o deputado federal Rodrigo Maia (DEM), filho do ex-prefeito Cesar Maia. O clã Maia sonha ter como vice na chapa a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), filha do deputado federal e ex-governador, Anthony Garotinho. No PSDB, é grave a crise. A vereadora Andrea Gouvêa Vieira quer concorrer e ameaça deixar o partido porque a cúpula tucana apóia a pré-candidatura do deputado federal Otávio Leite.
Todos, no entanto, almejam um objetivo comum: ter ao lado no palanque pedindo votos o ex-deputado federal Fernando Gabeira (PV). Derrotado, em 2008, à prefeitura por Paes e, em 2010, ao governo do estado, por Cabral, Gabeira não vai concorrer no ano que vem e aguarda apenas uma decisão dos verdes para saber com quem caminhará nas ruas.
Paes já conseguiu cooptar o senador Marcelo Crivella (PRB), que abriu mão de disputar. Em troca, o prefeito implantou em seu governo um projeto de Crivella, o Cimento Social. Em 2008, a Justiça Eleitoral considerou o projeto de conteúdo eleitoreiro. Paes tem a adesão também de Indio da Costa, ex-vice da chapa de José Serra (PSDB) nas eleições presidenciais do ano passado. Ex-DEM, Indio está organizando, no Rio, o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
- O próximo eleito será o prefeito da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. A agenda positiva está com ele (Paes). O momento é de união - disse Indio da Costa.
Paes conta com o apoio de pelo menos 16 partidos. O vice na chapa será indicado pelo PT, possivelmente o vereador Adilson Pires. Segundo o vice-governador Luiz Fernando Pezão, Paes tem se dedicado intensamente a inaugurações de obras na Zona Oeste já pensando em 2012. A coordenação da pré-campanha é do secretário municipal da Casa Civil, Pedro Paulo. No interior do estado, cabe a missão ao ex-deputado estadual Jorge Picciani (PMDB).
- Corremos para entregar o que o governo se comprometeu. Não existe pré-campanha - despistou Pedro Paulo.
Nos bastidores, Paes tenta evitar aparições em público ao lado de Cabral. Para interlocutores do prefeito, Cabral teve a imagem desgastada nos últimos meses em episódios como a crise do Corpo de Bombeiros, o acidente do bonde em Santa Teresa, o caso do menino Juan e as relações suspeitas com a Delta Construções. Pedro Paulo nega:
- Isto não está nem perto de acontecer.
Além de Gabeira, Marcelo Freixo, que mudou o domicílio eleitoral há um mês de Niterói para a capital, aproxima-se de setores do PT insatisfeitos com o PMDB. O deputado prepara o programa de governo com a ajuda de nomes como Frei Betto, o economista Carlos Lessa e o sociólogo Luiz Eduardo Soares. O desafio será conquistar os votos dos eleitores da Zona Oeste, região dominada por milicianos denunciados na CPI das Milícias, presidida por Freixo.
- Será uma campanha atípica. Mas vou à Zona Oeste fazer o debate com os moradores - afirmou Freixo, que está sob ameaças de morte, tem carro blindado e seguranças.
O diretor de "Tropa de Elite 1 e 2", José Padilha, será responsável pelo programa eleitoral na TV de Freixo. Padilha ajudará também na captação de recursos da campanha do deputado, que inspirou o personagem Diogo Fraga no longa de 2010.
Já Rodrigo Maia abraçou o PR e quer Clarissa como vice na chapa. Em troca, o DEM fortaleceria o PR no interior do estado. Clarissa resiste:
- Esse convite foi feito pelo DEM. Eu defendo candidatura própria do PR à prefeitura.
No PSDB, Andrea Gouvêa Vieira está de malas prontas. Antes de deixar o partido, ela apelará ao presidente nacional da sigla, Sérgio Guerra. A vereadora busca alternativas com o PV e com PPS para ser candidata:
- Eu não desisti. O PSDB está em crise permanente.
Otávio Leite rebate:
- As pessoas são livres para tomar decisões. Mas vou me empenhar para tê-la conosco.
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