GREVE NACIONAL DOS BANCÁRIOS

Bancos abusam! A solução é:

GREVE!!!!

Aos incautos que não pagaram suas contas, ou que não gostam de usar os caixas eletrônicos, vai aqui o aviso: Os bancários de todo o Brasil estão em greve a partir das zero hora de hoje, 24 de Setembro de 2009.

Mas antes que algum direitista de plantão se desespere, comece a rodar a baiana contra a estabilidade no trabalho e incorpore o espírito da ditadura pra dizer que greve é coisa de vagabundo, vamos entender o porque desta greve.

Os bancos lucraram, 19 bilhões no primeiro semestre deste ano, em plena “crise”, um recorde. Explicação: os bancos não produzem nada, não gastam com nenhuma matéria prima, armazenam dinheiro e o reaplicam, e olhe só, ainda cobram, e muito, por esse serviço. As ações do Banco do Brasil renderam, neste ano, 109% até hoje (sei pq sou acionista), só perde para algumas ações da construção civil, alavancadas pelo “Minha Casa Minha Vida”.

ENTRETANTO, o que se vê como resultado é o de sempre, um pouco pior: filas intermináveis, mau-atendimento e falta de estrutura, segregação dos ricos com os humildes, escassez de funcionários, juros exorbitantes e inescrupulosos, taxas e taxas sobre taxas, vendas casadas. Isso para os client

es.

Para os funcionários, o que tem é salários ínfimos, pressão por metas absurdas e “incumpríveis”, sobrecarga de trabalho por falta de funcionários, falta de regras claras sobre comissionamentos, desrespeito aos direitos trabalhistas, adoecimento por culpa dos bancos, falta de segurança, demissões

aos montes sem motivo.

Isso tudo no setor mais rico e que mais lucra n

o país.



Eu, como funcionário do Banco do Brasil, já relatei aqui antes as nossas principais necessidades, mas não custa lembrar que no governo FHC, na tentativa d eprivatização do BB, o banco foi preparado para se tornar uma empresa privada aos moldes selvagens. Nenhum aumento de salário por todo o seu governo, demissão de milhares de funcionários sem qualquer justificativa, retirada de direitos trabalhistas, segregação entre funcionários antigos (com direitos adquiridos) e os novos (os 0800, zero de direitos e 800 de salário).



Um funcionário do Banco do Brasil de antes, além de ter estabilidade do emprego total, recebia, de início, cerca de 10 salários mínimos. Hoje, além de o Banco tentar demitir a todo momento, paga no início da carreira cerca de 2,5 salários.

A PLR (Participação nos Lucros e Resultados) do BB é a melhor da categoria bancária, mas mesmo assim, não representa nada diante do lucro do setor mais rico do país. Se comparada com de outras categorias, é ridícula.



Outro fator, que pra mim é o crucial, a frente de índice de reajuste do ano, é o do Piso Salarial e de PCCS, ou seja, Plano de Comissões, Cargos e Salários. A nossa perda acumulada durante os anos de chumbo do PSDB são de mais de 115%, e seria justo até reivindicar do governo Lula a reposição deste direito, entretanto, isso seria um verdadeiro tiro no pé. Isso porque o Banco do Brasil e a Caixa Econômica teriam seus salários aumentados e drasticamente descolados dos salários dos bancos privados. Apesar de eu ser defensor de que o setor financeiro nacional deva estar sobre controle da sociedade, ou seja, do Estado, reconheço a importância da iniciativa privada, até estrategicamente. E promover esta discrepância salarial que o PSTU defende só serviria para rachar a categoria bancária, separando entre públicos (e privilegiados) e privados (renegados).



A luta deve ser única, coletiva e responsável. O piso do DIEESE é a nossa meta organizacional, para toda a categoria, é o que um bancário merece ganhar, no mínimo. Não é um número mágico, um anseio egoísta, um cálculo irreal; É um valor de referência obtido pelo Dieese a partir de um método reconhecido unanimemente como válido,a partir da análise das variáveis econômicas, quais sejam o lucro, os ativos, etc, como de variáveis sociais e políticas. Este valor, hoje, seria, para o início de carreira, R$2047,00. Não é, para mim, bancário do BB, nem de perto a recuperação das perdas salariais, mas é, como dito, um valor justo.



Quanto aos plano de cargos e salários, a proposta prevê um golpe certeiro na maior arma dos bancos hoje: as comissões e seu conseqüente assédio moral. Para aqueles pouco acostumados com a realidade bancária, eu explico. No banco o cargo de entrada é o “posto efetivo” do funcionário, até o fim da vida no banco. Portanto, todos são o mesmo posto. Entretanto, por fatores diversos, existem promoções na carreira, onde o funcionário “fica” gerente, “fica” assessor, etc, etc. Isso é o comissionamento. Mas a qualquer momento, o banco pode descomissionar, empurrando o funcionário do mais alto cargo que esteja para o abismo de volta ao posto efetivo. E isso é uma tragédia, o salário pode cair as vezes de 10, 12, 13 mil reais para os 2,5 salários mínimos da base. E é esse medo, de perder a comissão, que instrumentaliza o assédio moral, onde o patrão, ou o superior hierárquico pressiona, humilha, espezinha, assedia o funcionário comissionado para bater metas desumanas, não exigir seus direitos trabalhistas, levando, recorrentemente a adoecimentos, estados depressivos, pedidos de demissão e até suicídios.

Com o PCCS proposto, além do comissionamento, ou ascenção automática dos funcionários por tempo de serviço, existiria também uma evolução salarial considerável na mesma função. Ou seja, mesmo que o funcionário não seja comissionado para cargos mais altos, o simples fato de tempo de serviço o promoveria lateralmente, horizontalmente, a salários melhores. Outra vantagem seria a definição clara do organograma dos cargos e das funções inerentes a eles, evitando assim as cobranças irresponsáveis por metas e obrigações absurdas, além de estabelecer, em cima do piso do DIEESE, o valor a ser pago para cada comissão do banco.



Na atual proposta, o Caixa receberia R$2763,00 (R$716,00 além do piso), o 1º Comissionado receberia R$3477 (R$1430 acima do piso) e o primeiro gerente R$ 4605 (R$2558 acima do piso, ou seja, um pouco mais que o dobro do salário inicial).



Além disso, questões como auxílio refeição (R$19,25 por dia), Auxilio alimentação (um salário mínimo), 13ª auxilio alimentação e auxílio creche/babá (um salário mínimo por 83 meses). Outro fator importante é também a cobrança do compromisso social dos bancos, com a redução dos spreads, das taxas e dos juros, e principalmente, a contratação de muitos funcionários, para atender dignamente os clientes, reduzir as filas de horas e dar a todos o atendimento que os bancos enchem o peito pra dizer que dão pra seus clientes especiais (Van Gogh, Privite, Personalitè, etc). Nos bancos públicos, como o meu, a imediata substituição dos terceirizados (explorados e sem direitos) por funcionários concursados, a racionalização da relação funcionário – cliente. Sabem bem que já denunciei que o BB tem cerca de 364 clientes para cada funcionário, enquanto o Itaú-Unibanco tem cerca de 175 clientes para cada funcionário, uma desproporção absurda, que reflete o atendimento que os clientes reclamam. Não está na alçada dos funcionários se multiplicarem, e sim dos bancos em contratarem um mínimo de concursados que passaram no concurso e não são chamados!



Por essas e por outras os bancários de todo o país entram hoje em greve por tempo indeterminado, para pressionar os bancos, que após mais de um mês de negociações, ridicularizaram e zombaram das reivindicações sindicais.

Só a luta unificada da população e dos trabalhadores pode mudar esta situação. Sistema financeiro é utilidade pública, deve estar a serviço da sociedade, deve respeitar os idosos, os pobres e os ricos, os clientes e os funcionários.

À Greve Unificada!

P.S.: As informações acima descritas são nada mais que o exercício do direito de expressão e manifestação social e política, não contendo qualquer dado sigiloso de nenhuma pessoa ou instituição, estando constitucionalmente garantida a qualquer cidadão, acima de qualquer recomendação ou exigência patronal, contribuindo apenas para o direito de informação e liberdade de expressão a respeito de temas de interesse social.

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