DE QUEM É A AMAZÔNIA?
DE QUEM É A AMAZÔNIA?
Há alguns anos atrás ouvi de conhecidos norte-americanos piadinhas sobre o fato de nós brasileiros andarmos de tanga, de comermos banana o dia todo e algumas ignorâncias estapafúrdias mais. Evidentemente que eram piadas levando o estereotipo do brasileiro ao máximo, e eles sabiam bem que o Rio Amazonas não passa no meio do rio nem de São Paulo (espero..).
Mas hoje eu me preocupo com as notícias cada vez mais freqüentes de perguntas como a do título que usei sendo postada em jornais americanos, britânicos, etc. Se as piadas ou perguntas etnocêntricas e ignorantes que citei eram nada mais que brincadeiras e curiosidades, estas notícias de hoje são o mais puro reflexo do que o mundo realmente pensa. Não é coisa pensada numa escolinha do interior de um estado americano, e sim a grande questão levantada pelos maiores jornais do mundo, pelos cientistas e pelos governantes.
Barack Obama disse em seu mais recente discurso que a Amazônia é de interesse mundial. Isso vindo de um democrata é assustador, pois nos faz pensar o que um Republicano, anos-luz mais nacionalista e conservador pode dizer.
Mas nós temos que aderir ao espírito internacional de perplexidade diante do aparentemente inalterável caminho para o colapso natural que o mundo caminha, e assim, olharmos a Amazônia, não só a em território brasileiro, como o que ela representa pra humanidade.
É evidente sua peremptória importância mundial, e eu acho que qualquer pessoa desprovida do mais egoísta nacionalismo vai reconhecer que nenhum país pode se dar o “direito” de monopolizar a Amazônia.
Agora, quando digo isto, estou conceituando o pensamento quanto a sua importância e sua aplicação. Mas estou longe de entrar no campo das ingerências e das atitudes reais, que é o lado que a maioria dos alardeadores oportunistas querem seguir. Na verdade, o que estes querem não é salvar o pulmão do planeta, não é conter o efeito estufa, pois se assim fora, estariam primeiro preocupados em diminuir a emissão de gases poluentes (Os EUA são campeões em poluição, e relutam em aderir a acordos internacionais) e o consumo irresponsável que possuem. O que eles querem de fato é primeiro achar um foco pra comunidade internacional, que clama por um vilão e por uma cruzada ambientalista. E em segundo plano, ampliar ainda mais seus lucros com a destruição ambiental. Isso mesmo. Vejam só:
Os Estados unidos acaba de entrar no debate sobre a emissão de mais subsídios para seus agro-investidores investirem mais nas plantações de milho para fazer frente ao etanol brasileiro. E isso logo depois dos europeus e deles mesmos, norte-americanos, acusarem o Brasil de causar a fome mundial com o etanol. Não só foi provada a inveracidade destes ataques, quanto foi demonstrado que a produção de biocombustível AMERICANA é que era prejudicial. Essa mesma que os EUA querem subsidiar agora.
Assim, os verdadeiros destruidores do planeta continuam destruindo e vão jogando pro mundo hora um vilão, hora outro. O Brasil habilidosamente está se esquivando, e eles começam a jogar pra China e pra Índia. Ironicamente, os alvos são sempre as nações que podem fazer um dia frente ao domínio dos senhores do mundo. Assim, matam mais um coelho com a mesma cajadada.
A Amazônia portanto, deve ser abordada com extremo cuidado. Você tem dois extremos totalmente antagônicos e igualmente irresponsáveis de opiniões sobre ela. O primeiro, que é este que acabei de citar, e que permeia a comunidade internacional, ditada como sempre é pelos poderosos, que preferem jogar ao mundo suas fantasias e dogmas do que enfrentar de frente os reais problemas, e o segundo ponto de vista, que é o da grande maioria brasileira: O do protecionismo nacionalista.
Ora, este segundo é tão desastroso quanto o primeiro. É evidente que em defesa deste ponto de vista o Brasil tem legado ao mundo um desastre que futuramente pode ser sem medida. Nós queremos monopolizar o que não podemos. Nós queremos passar pro mundo a imagem de donos zelosos da Amazônia, quando qualquer cidadão brasileiro sabe que é mentira.
Ora, me dói o coração (e o pulmão) ver diariamente notícias de queimadas, de desmatamentos, de fazendas enormes sendo abertas no seio da floresta. São carvoarias, pedreiras, madeireiras, fazendas de gado e de plantio, vilas, enfim, toda sorte de consumo irregular que se pode imaginar. O Governo não sabe e nem pode evitar nada disso. Primeiro porque não tem pessoal pra isso. Recentemente o ministro que assumiu o Meio Ambiente, Carlos Minc (não vou nem comentar a saída da Marina) pediu uma coisa óbvia: o uso do exercito para defender a soberania nacional na Amazônia, tomada por bandidos brasileiros e estrangeiros que estão matando-a, e o excelentíssimo presidente Lula negou. Porque? Sei lá! Quer criar uma guarda específica. Ele adora isso. Já tem a Força Nacional, que faz o dever das polícias Estaduais. Já tem a Polícia Federal,e agora, uma Guarda Florestal. Depois, tem que criar a Guarda Costeira (já que a marinha não pode, né..) e a guarda de fronteira, já que a PF se ocupa de caçar marajás e corruptos.
O Brasil tem um território colossal pra ser vigiado, mas não tem gente nem tecnologia a disposição pra fazê-lo. Depois, nem adiantaria, porque tem uma legislação frouxa e atrasada. Legislação essa que beneficia o grande capital, que permite a quem tem dinheiro a se desvencilhar dos processos e que garante a presunção de inocência até quando se é culpado. É comum vermos os infratores rirem das blitz’s de fiscalização. Até quando saem algemados. Afinal, dias depois estarão de volta, absolvidos, praticando o mesmos atos e as vezes até imunizados por não poderem ser processados pela mesma acusação, ou com hábeas corpus preventivos, etc. Fora isso, ainda temos uma justiça sobrecarregada, lenta e muitas vezes ineficaz para atender a tempo a demanda. Quando enfim se tem uma decisão proveitosa pro meio-ambiente, já se foi destruído quase tudo que se tinha pra proteger.
Enfim, não adianta queremos tapar o sol com a peneira. A Amazônia é território brasileiro sim, mas é de interessa internacional também. E nós temos que mostrar maturidade e competência pra podermos levantar a bandeira de donos dela com coerência e mérito. O mundo cansou de ver brigas e guerras sem sentido nem motivação decente, e espero não sejamos nós os primeiros a dar ao mundo uma guerra em que o causador seja o mocinho da história.
Cabe ao governo brasileiro intensificar a campanha mundial de defesa da Amazônia Brasileira mas respaldado por ações coerentes, que realmente defendam a Amazônia. Se vai criar esta guarda florestal, que crie logo, e que seja dotada de recursos, humanos, tecnológicos e monetários capazes de proteger a Amazônia. Que em vez de ficar criando MP’s e novas CPMF, mexa na legislação ambiental e que crie um Juizado Especial que funcione realmente em defesa do Meio-ambiente. Estas seriam boas atitudes pra começar.
Enfim, de quem é a Amazônia? Seja ela de quem for, seu “dono” tem que fazer por merecê-la!





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