Deputado Marcelo Freixo retorna ao Rio após refúgio em Madri

De volta ao Rio
 
“Quero dizer que estou de volta, como planejado, tendo cumprido o que precisava: dar o mínimo de equilíbrio a quem precisava dar, fazer com que essa denúncia sobre as ameaças se tornassem públicas, para que o Governo do Estado tivesse que se posicionar, retomar o tema das milícias como um tema público dos mais importantes, porque nenhum lugar pode ser pacificado com o crescimento de uma máfia. Isso não existe, isso é uma farsa. Para pacificar um lugar, não adianta escolher que tipo e que grupo criminoso você vai enfrentar e deixar o outro crescer. Então, isso precisava ser feito, além de um reajuste mínimo e necessário à minha segurança”, afirmou Marcelo Freixo no plenário da Alerj nesta quarta-feira (16/11), quando retomou o trabalho legislativo, após viagem à Europa a convite da Anistia Internacional. Leia abaixo:
“Primeiro, evidentemente, para comunicar o meu retorno, que já estava previsto e não foi em função de nenhuma outra emergência. Quando saí, já fui com a passagem de volta comprada e a licença que aqui apresentei já determinava minha volta para hoje. Então, não é em função de nenhum outro episódio ocorrido no Rio de Janeiro.
Esse tempo fora – duas semanas, quinze dias – foi fundamental e quero agradecer muito a solidariedade ampla da sociedade, a solidariedade da maioria esmagadora desta Casa, a solidariedade de todo cidadão que entende o que está em jogo no Rio de Janeiro. E dizer que era fundamental essa saída e agradeço muito à Anistia Internacional por ter me convidado.
No mês de outubro foram sete ameaças de morte. Isso significa duas ameaças por semana. Quem não viveu isso, não tem como imaginar o que significa, mas quem já viveu, pode imaginar! E dizer, Deputados e Deputadas, que a saída era muito importante para um mínimo de equilíbrio, porque não se falava mais em outra coisa, com duas ameaças por semana. Era fundamental também para dizer que as investigações precisavam ser feitas, porque são sete ameaças num mês e mais uma no dia da minha viagem, num total de oito, que não foram investigadas.
Lamentavelmente, é fato, não foram investigadas.
Tivemos um episódio, há três meses, que é o da morte de uma juíza. Essa máfia foi capaz de matar uma juíza; é perfeitamente capaz de matar um parlamentar. Qualquer um! Aquele que entre no seu caminho. Então, é evidente, não poderíamos duvidar da possibilidade de fazerem isso. Se duvidávamos antes, depois do episódio da Juíza Patrícia Acioli, não podemos duvidar.
O acirramento das denúncias me fez aceitar esse convite da Anistia. E publicizá-lo, dizer que estava saindo temporariamente – não se tratava de um exílio, muito menos de um recuo – mas dizer que existem ameaças e as ameaças mostram claramente um fortalecimento das milícias. Se ameaçam um parlamentar, depois de matarem uma juíza, é porque estão fortes, porque crescem, e crescem pelos acordos políticos feitos lamentavelmente no Rio de Janeiro.
A milícia não interessa só à milícia, interessa a muita gente poderosa. Eles crescem, ameaçam a minha vida e ameaçam a vida de muitas pessoas. O tempo suficiente para reforçar a minha segurança, porque é necessário e é dever do Estado garantir a segurança, pois é em função da minha vida pública que essas ameaças são feitas.
Quero dizer que estou de volta, como planejado, tendo cumprido o que precisava: dar o mínimo de equilíbrio a quem precisava dar, fazer com que essa denúncia sobre as ameaças se tornassem públicas, para que o Governo do Estado tivesse que se posicionar, retomar o tema das milícias como um tema público dos mais importantes, porque nenhum lugar pode ser pacificado com o crescimento de uma máfia. Isso não existe, isso é uma farsa. Para pacificar um lugar, não adianta escolher que tipo e que grupo criminoso você vai enfrentar e deixar o outro crescer. Então, isso precisava ser feito, além de um reajuste mínimo e necessário à minha segurança, que também foi feito nesse período.
O objetivo foi cumprido e estou aqui para agradecer a solidariedade, o carinho amplo da sociedade, o entendimento de que o enfrentamento da milícia é dever de todos. Vamos insistir, vamos fazer uma grande campanha pública nas ruas e a coleta de assinaturas para o cumprimento das medidas da CPI.
Temos 58 propostas concretas que precisam ser cumpridas e há muita coisa para fazer aqui. Não poderia ficar mais tempo, se voltasse em dezembro, nós não conseguiríamos concluir a nossa CPI do tráfico de armas e munições. Por isso, o retorno tinha que ser em novembro. Vamos concluir essa CPI fundamental do tráfico de armas e munições.
Vamos encerrar todo trabalho que deve ser feito este ano e se voltasse em dezembro não daria tempo. Quero propor à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania que faça uma visita à Rocinha na segunda-feira, que acho importante, para dizer o seguinte: o mais difícil ainda está por vir. A pacificação não foi dada, a pacificação pode até acontecer. Foi um passo importante? É importante a eliminação do tráfico armado? É, mas o mais importante está por vir porque um lugar pacificado é um lugar que deve garantir saúde, educação, saneamento básico. E isso não é a força policial que vai garantir na Rocinha. Então, é importante tirar os “inquilinos” de lá e, para garantir a pacificação, o Estado deverá ter outra relação com aquele território. Isso não está garantido ainda e agora é que começa o nosso trabalho.
Obrigado”.
*Marcelo Freixo – Plenário da Alerj nesta quarta-feira (16/11/11).

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