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Eleições 2012 no Rio. Panorama de Agosto de 2011


RJ: PT quer sair do governo Sérgio Cabral para projetar Lindbergh


O PT do Rio de Janeiro decidiu se dissociar do projeto político do PMDB do governador Sérgio Cabral. Discute-se agora se o desembarque ocorrerá em 2014 ou se deve ser antecipado para a eleição municipal de 2012. Empurrado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o colo de Cabral, o petismo fluminense esboça a ruptura num instante em que a popularidade do governador declina.

 


Para a prefeitura da cidade do Rio, o PT cogita lançar o deputado federal Alessandro Molon, contra o prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição. Já na corrida ao governo do estado, o partido de Lula já decidiu empinar o nome do senador petista Lindbergh Farias – apoiado, hoje, por cerca de 80% da legenda. No exercício de seu segundo mandato, Cabral cogita, para sucedê-lo, seu vice-governador, Luiz Fernando de Souza (PMDB), o Pezão. 

Em princípio, o PT não trabalhava com a hipótese de dissociar-se de Cabral em 2012. O partido já havia inclusive selecionado um nome para a vice de Paes — o vereador petista Adilson Pires. De súbito, farejou-se um movimento do grupo de Cabral para apear o PT da futura chapa de Paes. Trama-se a escolha de um vice do próprio PMDB. Na leitura do PT, Cabral deseja dispor de uma alternativa para 2014. Se o nome de Pezão não vingar, o governador lançaria Eduardo Paes à sua sucessão.

Supondo-se que Paes obtenha um segundo mandado, teria de renunciar à prefeitura, legando ao vice dois anos de gestão na prefeitura. Daí a cogitação dos operadores de Cabral de compor para 2012 uma chapa “puro sangue”, sem o PT na posição de vice. O petismo reagiu e manteve sobre a mesa o nome do vereador Adilson Pires, o escolhido para ser vice de Paes — mas o PT decidiu levar ao palco, simultaneamente, o projeto da candidatura de Molon à Prefeitura. 

Com esse gesto, o PT informa a Cabral que não se dispõe a apoiar Eduardo Paes a qualquer custo. Sem a posição de vice, nada feito. Ao PT interessa reter Paes na prefeitura. Imagina-se que o nome dele chegará a 2014 mais bem posto que o de Pezão, o preferido de Cabral.

Dito de outro modo: na visão do PT, as chances de Lindbergh triunfar na disputa pelo governo do estado serão maiores se Pezão for o candidato de Cabral. No cenário esboçado pelo PT, depois do escolhido de Cabral, o principal adversário de Lindbergh em 2014 será o ex-governador Anthony Garotinho (PR), cujo prestígio eleitoral se mistura a altas taxas de rejeição. 

Afora o candidato do PMDB e Garotinho, o principal adversário do PT fluminense é Lula, que mantém com Cabral uma relação que extrapola a política. Imagina-se que, movido pela amizade, Lula tentará novamente impor ao PT do Rio a condição de linha auxiliar do PMDB de Cabral.

Lindbergh, porém, é enfático. “Serei candidato a governador. As condições são muito favoráveis para o PT. Uma eventual intervenção do Lula seria uma violência muito grande”, afirma. “Não haverá de minha parte nenhuma posição de passividade. A retirada de minha candidatura levaria a um cenário de terra arrasada.”




Pezão, Mello e Picciani dividem PMDB do Rio


As eleições municipais de 2012 ainda estão distantes, mas o ambiente político fervilha. O grande partido do estado é o PMDB, seja com o chefe que for: Chagas Freitas, Moreira, Garotinho ou Sérgio Cabral. E, no PMDB, há muitas divisões. Luiz Fernando de Souza, o Pezão, controla a região Sul, tudo que estiver próximo de sua Piraí. A Região dos Lagos, ou Costa Azul, está sob o comando do presidente da Assembléia Legislativa (Alerj), Paulo Mello. E o resto do estado, por incrível que pareça, tem forte influência do candidato derrotado ao Senado - por Lula, que apoiou Marcelo Crivela e Lindberg Faria, os dois vencedores - Jorge Piccianni. E, é claro, inúmeras regiões têm influência direta do comandante do Executivo - e das verbas oficiais - governador Sérgio Cabral. 
Na maioria das áreas, a divisão é tranquila, mas, em algumas, registram-se conflitos. O ex-prefeito - por dois mandatos - de Araruama Chiquinho da Educação agora quer comandar o Executivo municipal de Armação dos Búzios, mas mostra indecisão partidária. Seu padrinho é Paulo Mello, mas se o diretório local - no momento controlado por interinos - tender a favor de Picciani, este poderá tentar trazer para o PMDB o atual prefeito, o pedetista Mirinho. Mirinho já foi prefeito duas vezes e saiu. Agora, está no terceiro mandato e pode se recanditar, rumo ao quarto mandato. Se Picciani trouxer Mirinho, Chiquinho deverá se candidatar a comandar Búzios sob outra sigla - e convites não lhe faltam, pois tem alto prestígio em Araruama, Búzios e toda a região. 
Ao ser feita a fusão do sofisticado Estado da Guanabara com o antigo Estado do Rio de Janeiro, predominaram as lideranças do antigo RJ, com feudos eleitorais. Até hoje, há poucos deputados filosóficos na Alerj e sobressaem os representantes de oligarquias locais. O governador Sérgio Cabral está sem prestígio junto à classe média carioca, mas continua forte no voto popular da capital e do interior do estado. Tem tudo para voltar ao Senado em 2014. As recentes denúncias de envolvimento com empresários só repercutiram junto à elite. Para o povão, Cabral continua um grande líder - embora mais calado do que nos velhos tempos.


Estilingue e vidraça 
Diz-se que um político é vidraça quando está no poder e estilingue quando se torna observador. Nessa condição, Anthony Garotinho tem apoiado bombeiros e se tornado um crítico mordaz do governador Sérgio Cabral. Tendo saído da prefeitura com baixo prestígio - o normal é um ex-prefeito de capital ser senador sem esforço - César Maia também está rindo à toa. Mostra-se incrédulo com o gasto de R$ 1,8 bilhão com os Jogos Militares. 
Com ironia, lembra que o Pan custou quase isso - R$ 1,9 bilhão, sendo R$ 800 milhões federais e o resto da cidade. Só que o Jogos Militares não deixaram legado expressivo, enquanto o Pan apresentou como herança parque aquático, velódromo, arena olímpica, Engenhão e duplicação da Avenida Abelardo Bueno, próxima ao Riocentro. 

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