Ex-ministra Marina Silva diz em Berlim querer criar novo modelo de política


A ex-ministra brasileira do Meio Ambiente Marina Silva afirmou que há no mundo uma crise que pede uma “nova forma de fazer política”, ainda inexistente. “Para onde olhamos, vemos que a linguagem política suscitada pelo socialismo e pela revolução francesa ficou defasada, e que algo novo pode estar surgindo, que não foi transformado ainda em palavras e em estrutura”, afirmou a ex-candidata à presidência do Brasil, falando na noite de sexta-feira (01/07) para um auditório de cerca de 200 pessoas em Berlim.
Usando formulações mais próximas ao vocabulário filosófico do que ao jargão político, Marina deu a entender que a novidade ainda está para ser revelada. “Ainda não sei o que é, mas a nova fórmula está na forma do não dito no mundo inteiro”, teorizou.

“As pessoas querem uma nova forma de fazer política e novos modelos de desenvolvimento, e também uma palavra nova”, comentou, durante um debate sobre política ambiental brasileira, promovido em Berlim pela Fundação Heinrich Böll, entidade ligada aos verdes alemães. 

Lula e Dilma: ex-ministra lembrou avanços na gestão do PTDurante o debate “Crescimento verde no Brasil?”, ela ressaltou as conquistas da política ambiental brasileira. “O Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a assumir voluntariamente uma meta de redução de 36% das emissões de efeito estufa”, ressaltou.
A ex-ministra lembrou que o país possui 45% de sua matriz energética composta por energias limpas e que o etanol pode ser uma contribuição importante para o meio ambiente mundial “contanto que não comprometa ecossistemas, a segurança ambiental e setores sociais”.
“Mesmo o oponente faz coisas boas”
Os elogios ao governo brasileiro provocaram estranhamento em parte da plateia. “Não sou otimista nem pessimista, sou persistente”, justificou, em resposta a uma pergunta do auditório em relação a uma suposta falta de críticas em seu discurso, com relação à atual gestão. Ela aproveitou para dar uma pista a mais sobre o que seria uma “nova política”. “Muita gente esquece que mesmo o seu oponente faz coisas boas. Essa é a velha forma de fazer política”, explicou.
Marina Silva atribuiu a aprovação do texto do novo Código Florestal pelo Congresso, apesar da impopularidade da nova regulamentação, a um “descolamento” do sistema político em relação à sociedade brasileira, lembrando que quase 80% da população são contra a nova lei, segundo sondagens.
Por isso, conforme a ex-senadora, o “sistema político precisa buscar novas linguagens e estruturas”. E lembrou que seu sucesso, obtendo o terceiro lugar nas eleições presidenciais do ano passado, é mais uma prova do crescimento da mentalidade ecológica no Brasil e da receptividade do eleitorado a novas alternativas.

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