Debate p/ Governador no Rio 12/08


Cabral    -           Gabeira     -        Peregrino       -     Jefferson

O debate transcorreu como esperado, com os três candidatos de oposição mirando suas críticas no candidato à reeleição Sérgio Cabral, e este buscando encontrar em sua administração detalhes positivos mesmo diante das contundentes constatações de problemas feitas pelos opositores.

Cabral usou a tática de surfar na popularidade de Lula e Dilma, com o mesmo discurso de união das três esferas que vem se dando bem nas pesquisas nos últimos levantamemtos, e apontar setores dentro das áreas de seu governo que vão bem.
Em nenhum momento se dignou a responder aos questionamentos e às acusações, usando de uma tática covarde de ora se esquivar das acusações de improbidade de seu governo, como se nada tivesse a ver com o governo, ora alegando que as acusações a suas corrupções seriam ataques pessoais, pedindo direito de resposta.
Um dos pontos altos foi protagonizado em debate de Cabral com Peregrino, quando Cabral vergonhosamente ignorou a pergunta e falou por 2 minutos sobre algo que nada tinha a ver com a questão, quando questionado sobre porque chamou os médicos de vagabundos, as mulheres da favela de fábricas de marginais e um menor de idade de otário e sacana. Não respondeu isso, e ainda se indignou a ponto de pedir direito de resposta quando publicaram as relações espúrias de sua esposa com concessionárias públicas, Metrô Rio, Supervia e Facillity.
Na sua opinião, o Rio já está pacificado, a educação em penúltimo lugar nacional está avançando (só se for pra trás), a saúde teve avanços com as UPAs e o transporte está resolvido com o bilhete único. Pediu por fim mais quatro anos para cumprir as promessas que fez. Destaque-se que são as mesmas promessas que fez quatro anos atrás.... agora ele pede mais quatro anos prometendo fazer a mesma coisa que não fez nos últimos quatro.

Fernando Peregrino provavelmente foi o que mais lucrou neste debate. Sem experiência em debates e campanhas majoritárias, o professor que é representante de Garotinho se comportou de uma forma habilidosamente híbrida. Conseguiu passar a imagem de calmo, sereno e competente e ao mesmo tempo foi, junto com Jefferson Moura o mais incisivo e agressivo, trazendo sem falsos pudores para o debate os escândalos do governo.
Não citou Dilma nenhuma vez, citou Lula duas vezes e Garotinho umas 12 vezes, assim como Brizola 3 vezes. Não poupou Cabral, acusando-o de corrupção, enriquecimento ilícito, descaso, preconceito com os pobres e de misturar o público com o privado de sua mulher. Acusou Cabral de levar as decisões do Estado para a cama, com a representante daqueles que prestam serviço ao Estado.
Sua maior crítica ficou no campo da moralidade, se colocando como capacitado e experiente, tendo participado da criação dos CIEPs, Restaurantes Populares, Farmácias Populares, UEZO e FAETEC.
Apesar de novo como candidato, tentou demonstrar ser experiente em administração pública eficiente, colando sua imagem nos programas bem sucedidos e bem avaliados pela opinião pública, assim como tentando avisar aos cerca de 30% do eleitorado que é cativo à Garotinho que ele é o candidato do ex-governador campista.

Fernando Gabeira decepcionou. Confuuso, prolixo, e até em um momento destemperado, Gabeira não iniciou a onda verde que fez em 2008. Tentando uma tática arriscada de ser oposição sem parecer agressivo, Gabeira iniciu tão morno, que quando viu que estava saindo do centro das discussões, se exasperou e quis entrar na celeuma, interrompendo Cabral em direito de resposta que nada tinha a ver com ele. Certo que sua queixa era justa, pois a Band forneceu o segundo direitro de resposta para Cabral de forma equivocada, mas seu destempero só ajudou Cabral.
Gabeira não apresentou uma proposta que ficasse na cabeça do povo, e não percebeu ainda que sua tática de ser o representante da ética e do novo não dará certo enquanto Jefferson Moura estiver junto para poder bradar mais alto sua independência das máquinas públicas. Diferente de 2008 também Gabeira desta vez tem uma campanha sem estrutura, sem empenho e contra um (ou dois) candidato(s) que se apóiam em Lula, numa eleição que Lula vai participar ativamente.
Tentou se consolidar como o candidato da ética e das novas práticas políticas, mas esbarrou no radicalismo de Jefferson Moura que estava sempre disposto a dobrar as apostas de Gabeira, atacando-o de aliado de César Maia e dos tucanos. Gabeira precisa urgentemente repensar sua candidatura. Pelo bem do Rio e da democracia no estado.

Jéferson Moura tentou parodiar Plínio de Arruda Sampaio. Levantou  bandeira do independentismo, do único que não esteve no poder ainda para poder atacar seus adversários e se diferenciar. Falou o tempo todo em nome dos funcionários públicos, principalmente da educação, e também foi muito incisivo contra Cabral.
Não sei se por falta de oportunidade, mas não coube a ele nenhuma das principais acusações, todas feitas por Peregrino. Mas não perdeu chance de repisar as críticas, adicionando um toque de indignação do funcionalismo estadual.
Evidentemente, sua participação não foi tão efetiva como a de Plínio, já que Fernando Peregrino conseguiu puxar o bonde das acusações ignorando todas as críticas à sua relação com garotinho.

Em suma, Cabral pode respirar um pouco aliviado de ter enfrentado candidatos pouco experientes, pois se fosse contra Garotinho e César maia, teria sido destroçado. Mas mesmo assim, deve temer que este seja o início de sua queda, pois agora uma boa parcela da população ouviu sobre escândalos até então calados com muitos milhões em publicidade.
Peregrino tem que soltar fogos de artifício, pois conseguiu colar a imagem de principal crítico de Cabral, passando Gabeira que está bem a frente dele nas pesquisas. Peregrino precisava desta exposição, e a conseguiu sem parecer esquerdóide ou radical, e de quebra conseguiu colar também seu nome ao de Garotinho. Sua formação e currículo talvez tragam para ele alguns votos de Garotinho não conseguiriam. É muito cedo, mas para o primeiro debate, ele teve um grande lucro.
Fernando Gabeira deve estar muito preocupado. Não chou o tom da campanha. Não sabe como se colocar. Está indo ora preá lá ora pra cá, conforme o vento, Não é nem o mais competente, nem o mais crítico, nem  mais popular, nem o mais celebridade. Não se achou ainda, e vai acabar perdendo o bonde da campanha. Precisa colar sua imagem à Marina urgentemente, pois o voto dos tucanos e democratas ele não deve perder, pois estes não tem mais em quem votar pra Governador, e seu titubeio em aderir de vez a Marina está fazendo com que  eleitores dela se diluam em outros candidatos.
Jefferson Moura certamente irá nesta linha até o final. É a linha do PSOL no país inteiro. São um partido novo, sem vínculo com o poder, radicais e com opiniões reformistas. Não poderia o candidato aqui se portar diferente. É um pouco desarticulado, mas deve pegar mais jeito durante a campanha.

Há portando uma tendência em Cabral perder um pouco de sua popularidade desde já, o que deve acentuar no início da propaganda na TV. Imagino eu que ele caia até o final do mês para uns 40% ou 42%, com uma forte subida de Peregrino, que deverá alcançar no final do mês uns 10 a 12 %, Gabeira é uma incógnita, mas não deve cair, e Jefferson Moura não deve passar de 4% Isso que fiz é um pouco de futurologia, mas os números não devem ser muito diferentes não, isso é claro, se o Montenegro não lembrar de pagar a conta de seu filho com Cabral usando o Ibope, né.

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