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REFORMA AGRÁRIA.

A história se repete. E como farsa, já diria Marx.

Hoje vivemos um momento crucial na distribuição de terras e renda no Brasil, quando o governo se põe à disposição para cobrar dos grandes agricultores do Brasil um índice objetivo, quantificável, de utilização e produção em suas terras.



Este índice serviria para informar ao governo quais são as terras improdutivas que devem ser distribuídas às milhares de famílias sem-terra e que desejam produzir seu sustento e o crescimento do Brasil. Essas terras, diga-se passagem, são na maioria herança de antepassados nobres portugueses e exploradores, ou fruto de grilagem, que em outras palavras quer dizer roubo. Ou seja, terras de pessoas beneficiadas pela história de exploração, injustiças e corrupções. Em sua maioria, apesar de não ser o todo.



Mas voltando ao assunto, este índice cobraria dos grandes produtores agrícolas uma produção mínima, que satisfaça a produção nacional e reponha o dano da concentração de renda e terras.

Entretanto, tanto o ministro da agricultura como uma tropa de choque de senadores eleitos com o dinheiro destes ruralistas multimilionários iniciaram uma ofensiva reacionária através da mídia e de pesquisas montadas. Numa destas pesquisas, eles fazem uma torpe proporção entre o número de pessoas nas terras e a produção, quando o cálculo devia ser feito pelo tamanho das terra e a produção. É assim a falácia:



- X hectares de terra quando cultivados pelos milionários fazendeiros produziam Y grãos. Ou seja, X hectares, por digamos, 100 pessoas, produzia Y.

- Agora, os mesmos X hectares cultivados pelos assentados, produzem 3Y. Ou seja, X hectares, cultivados por 100.000 pessoas, produz 3Y.



O cálculo que eles fazem é esse: O crescimento de pessoas foi de 1000 vezes, e o da produção foi de 3 vezes. Mas esta conta é ridícula, forçosa. O verdadeiro cálculo deveria ser: O crescimento da produção foi de 300% na mesma área onde antes cultivavam os ricaços.

E lembremos que o acesso a empréstimos e financiamentos das pessoas de baixa renda é muito inferior ao dos grandes fazendeiros, que pagam impostos deduzidos e tem acesso aos melhores equipamentos.

Podemos ver portanto que esta é uma campanha sórdida e descabida, com o apoio de parte da grande mídia, que também tem os mesmos interesses dos grandes fazendeiros. O interesse de manter os privilégios, de manter a pobreza e a miséria que vendem jornais, que garantem a ignorância que elege políticos que atendem a seus interesses. O mesmo interesse que opôs o campo ao novo na época de Barão de Mauá, a mesma ganância egoísta e apátrida do capitalismo selvagem e idiota que pretende submeter o progresso do povo e da humanidade ao seu conforto pessoal, ao status quo.



Aliás, foi este o termo que ironicamente uma senadora do DEM usou para criticar o MST. Não vou defender o MST aqui, mas ela quis ofender o MST dizendo que ele luta contra o status quo. Creio que esta mulher não saiba o que falou, pois esta luta deveria ser dela também. Ou ela acha que o Brasil está ótimo, que nada deve ser mudado? Ela acha que milhões abaixo da linha de miséria deve ser mantido?

Enfim, a tática de dizer que os assentados não conseguem produzir dentro do índice defendido pelo governo é além de uma mentira, uma burrice. Ninguém pode esperar que uma família, de 3, 5 pessoas produza o mesmo que uma fazenda de 300, 500 empregados. O que se espera é a distribuição de terras, uma justiça agrária, a diminuição das desigualdades sociais e até uma produção mais ecológica e menos especulativa. Lembremos aqui que um dos malefícios dos grandes produtores oligarquizados é que quando a produção cresce muito e barateia a comida, eles param de produzir para não diminuir o lucro. Foi assim que o Brasil já viu toneladas de comida, de café, etc serem queimados enquanto milhões passavam fome.



A reforma que o Brasil necessita começa por medidas como essa, que sobrepuja os interesses capitalistas e oligárquicos, enfrenta os interesses da mídia comprometida com o atraso e avança numa socialização dos meios de produção. E por falar em meios de produção, retomo o pensamento de Marx: A história se repete como farsa, e neste caso, com os mesmos personagens. A diferença é que desta vez os opositores dos grandes burgueses são os proletários, e não um outro burguês, como no caso do Barão de Mauá. Poderia eu dizer que a história se reedita enfim como fato real.

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